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Senhora das Coroas
Antônio Roque Gobbo
Jornal “Tempo”
Caderno Magazine
13 de Agosto de 2010
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| Notícia publicada no jornal o Tempo em 13/08/2010. |
Ely Vieitez
Carta da poetisa com comentários sobre o livro "Senhora das Coroas"
Enviado em 13 de outubro de 2010.
Caro Antônio Gobbo,
Acabo de ler seu livro mais recente, A Senhora das Coroas. Tenho o hábito de ir anotando alguns comentários. São esses que seguem abaixo.
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| Ely Vieitez |
A linda capa da obra já poderia ser uma metáfora do conteúdo: rosas de amarelo alegre, como um símbolo de vida, com o tí¬tulo em cinza, sobre o preto, antiteticamente lembrando a morte.
A Ficha Catalográfica classifica o livro como Romance Brasileiro. Ora, o gênero literário é algo controverso. Entre conto, novela, Osman Lins, um dos maiores escritores brasileiros, optou por narrativas, na sua obra mais famosa: Nove, Novena. Vidas Secas, o mais expressivo livro de Graciliano Ramos, foi chamado "romance-rosã¡ce, porque cada capí-tulo da famosa obra poderia ser um conto.
O livro de Antônioio Gobbo é extremamente criativo. O Prólogo atrai e lembra um pouco um famoso conto de Lygia Fagundes Telles: o destino das duas heroínas são identicos, mas muito diferente do o que as levou até o epí¬logo macabro.
Beatriz é uma personagem fatidicamente ligada á morte, aos mortos, á solidão...O primeiro conto, inspirado nas personagens D. Zuca e Melquiezedeque, é um bizarro caso de amor.
Há finais excelentes como o da narrativa "Felipe Curador". A Trama interessante, o amor trágico de Regina e Argemiro.
No final das histórias de Valentim Moreno, Hugo Rocha e Leôncio, o autor usa a famosa técnica da ambiguidade deliberada, isto é, elimina os limites entre a realidade e a ficção. Isto valoriza a obra, deixando-a bem moderna.
As narrativas são cheias de mistérios, que atraem o leitor. As ilustrações, muito expressivas.
Após as narrativas, pode-se delinear o perfil da personagem Beatriz, “A Senhora das Coroas”. A figura feminina que surge no enterro, com seu rosto muito alvo, cabelos loiros e olhos azuis como as "águas de um lago, dá um toque meio surrealista. É mencionada sua possível semelhança com Beatriz, quando jovem. De novo a ambiguidade deliberada, com o emprego repetido do advérbio de dúvida. Talvez fosse a nova Senhora das Coroas, para continuar a bela missão.
O livro de Antônio Gobbo é interessante, atraente, talvez a melhor obra sua. Nele se realçam as características do autor: criatividade muito rica, a mistura dos coloquialismos e a língua erudita, o gosto pelo mistério e a variedade de personagens que lembram tipos muito vivos da vivência do Autor.
Parabéns e um abraço.
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