julho 25, 2011

Meu filho, você não merece nada!

A Revista Época publicou uma coluna da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, onde ela comenta como nossos jovens estão sendo abastecidos por conhecimento mas completamente despereparados para conviver com a perda e os limites da vida em sociedade. Vale a pena ler! 
Concordo em gênero número e grau, por isto postei aqui!

Meu filho, você não merece nada!

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. 


 Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
 
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa. 

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir. 

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito. 

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. 

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.


ELIANE BRUM
Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). 

julho 18, 2011

II Congresso Sistema Pedagógico SEMEAR

BRUMADINHO / MG
Entre os dias 11 e 12 de julho o Sistema Pedagógico SEMEAR em parceria com a Horizontes Assessoria Educacional, realizou na cidade de Brumadinho um congresso educacional com o tema Múltiplos olhares para a Educação do Século XXI.
 
Este congresso apresentou possibilidades de reflexões sobre a sala de aula, considerando-a como um espaço reinventado para as diversas aprendizagens.
 
Foram abordados os seguintes temas:
  • Motivação para aprender e ensinar
  • Autoestima e desenvolvimento humano
  • Talentos e potencialidades
  • Relacionamento interpessoal
  • Comunicação na escola
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Redes sociais
PROGRAMAÇÃO:
  
11/07/2011 (segunda-feira)
 
8h30 às 10h
Prof. Rômulo Marinho
Palestra: “Autoestima e relações humanas no trabalho: sentindo prazer em viver e trabalhar” 
 
“Quanto maior a nossa autoestima, mais queremos crescer, não necessariamente no sentido profissional ou financeiro, mas dentro daquilo que esperamos viver durante nossa vida seja no aspecto emocional, profissional e espiritual. Quanto mais baixa nossa autoestima, menos desejamos fazer e é provável que menos possamos realizar.”
 
10h15 às 11h30
Prof. Alexandre Gobbo
Palestra: “Os talentos pessoais e sucesso profissional em Educação”
 
“É importante reconhecermos e respeitarmos os talentos que possuímos na busca de afinidades e das condições para expressarmos nossas potencialidades, conseguindo assumir nossos sonhos com mais firmeza e determinação, na busca de uma vida de sucesso.”
 
13h às 17h
Prof. Sandra Silva
Oficina: Dificuldades de aprendizagem ou dificuldade na relação: uma escola da colaboração, respeito, movimento e arte
 
12/07/2011 (terça-feira)
  
8h30 às 10h
Prof. Rômulo Álvares
Palestra: “Redes Sociais: Comunicando e transmitindo informações em sala de aula”
  
“As Redes Sociais, embora conhecidas por muitos, ainda precisam ser exploradas por boa parte dos profissionais de ensino na maximização da aprendizagem. É possível aplicar Redes Sociais na Educação? O perfil da nova geração e do novo educador frente à revolução das tecnologias e da Internet. Como será o futuro em sala de aula? O que já se pode fazer para modificar o panorama atual, e produzir diferenciais significativos na Educação.”
 
10h15 às 11h30
Prof. Rômulo Marinho
Minicurso: Dinâmicas e jogos: um incentivo a criatividade
 
13h às 17h
Prof. Rosely Berto
Oficina: Assim é que se fala! Comunicando e transmitindo informações na escola
 
MOMENTOS:
II CONGRESSO SEMEAR
Palestra Prof. Rômulo Marinho
Direção do Sistema Pedagógico Semear
 

Palestra de Alexandre Gobbo

julho 04, 2011

III CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DE ITAJUBÁ

Educação Inclusiva, Alfabetização, Leitura e Escrita

Superintendência Regional de Ensino e a Secretaria Municipal de Educação de Itajubá juntos com a Conexa Eventos realizaram, pelo terceiro ano consecutivo, o Congresso Internacional de Educação.

O evento que nas edições anteriores abordou o eixo temático EDUCAÇÃO INCLUSIVA, este ano apresentou também um eixo temático complementar: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO, LEITURA E ESCRITA.
Este encontro apresentou grandes nomes da educação nacionais e internacionais. 
Alexandre Gobbo – MG
Alexandre Ventura – Portugal
Cleo Fante – DF
Fábio Fernandes – SP
Geraldo de Almeida – PR
Hamilton Werneck – RJ
Júlio Furtado – RJ
Sandra Bozza – PR
Serrano Freire – RJ
Simaia Sampaio – BA
A palestra proferida por mim foi sobre o tema Gestão de Pessoas: como identificar e criar equipes de alto desempenho na organização educacional. Sobre a importância de entendermos o que se esconde atra´s do comportamento de cada pessoa da nossa equipe, considerando que "Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas". 
Uma reflexão sobre como as relações humanas podem motivar ou destruir o trabalho de uma equipe de profissionais e uma análise das mudanças individuais necessárias para melhorar o comprometimento de um grupo de trabalho. Um trabalho para motivar os gestores a descobrirem seus TALENTOS PESSOAIS e começarem a desenvolver estratégias de liderança adequadas às suas competências e habilidades, tornando-se assim, gestores que inspiram seu grupo a seguir um caminho.
OBJETIVOS: 
  • Refletir sobre o poder dos sentimentos negativos em nossas vidas;
  • Perceber a capacidade dos sentimentos negativos apodrecer as relações de um grupo;
  • Identificar os principais tipos de pessoas problemáticas em um grupo;
  • Compreender as possibilidades de melhorarmos nossa capacidade de liderança e gestor de grupos utilizando nossos talentos pessoais.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
  • A vida e a busca da felicidade;
  • O poder dos sentimentos negativos;
  • Tipos de pessoas problemáticas;
  • O nosso problema e os problemas dos outros;
  • Talentos pessoais e liderança;
  • Reconhecendo as necessidades pessoais;
O Congresso teve a participação de cerca de 900 participantes entre gestores e educadores de diversas cidades de Minas Gerais e de outros estados.
Uma oportunidade de aprimoramento em um dos mais conceiturados congressos educacionais do Sul de Minas.